Sabemos que a carreira do designer é uma evolução que ramificou-se ao longo do tempo em diversas áreas, mas sabemos também que nossas raízes são muito fortes nos aspectos visuais. Mas como disse, somos fruto de uma evolução e acredito que temos que mudar algumas coisas para enfrentar os desafios de agora. Também tenho percebido que muitos Product Designers ainda se apegam ao preciosismo em artefatos visuais do design, como por exemplo, vemos muitos redesigns não solicitados pelas redes sociais, feito por pessoas sem nenhuma pista das necessidades de negócio do produto, ou então, enquetes de "qual interface é melhor?", "antes do UX, depois do UX", entre outros. Veja bem, não quero dizer que saber artefatos visuais é ruim, quero dizer que o que é solicitado ao designer deste século é muito mais abrangente do que apenas essa etapa de nosso trabalho. Enfrentamos diversos desafios nos dias de hoje e eu quero trazer alguns pontos importantes que podem nos preparar para tal.
Recentemente entrei para um novo time de design e para minha surpresa, quando cheguei a primeira coisa que me disseram foi:
— Vai com calma e estude nosso produto.
Isso é excelente para que eu construa um pensamento voltado para a estratégia da empresa, para que eu conheça as pessoas que ali estão, e que me desenvolva para algo maior. Achei de extremo respeito e importância o que a liderança fez comigo nas minhas primeiras semanas. Entendo que nem todos os cenários trazem este privilégio, mas acredito que ainda assim é de suma importância que você conheça o jogo de onde você está, modelo de negócio, como a empresa gera receita, principais concorrentes, o que seria mais inovador no setor da empresa, etc.
Acredito que este é um grande desafio para nós, pois cada vez mais, nos tornamos mais estratégicos para as empresas e ganhamos lugar na mesa dos negócios para discutir de igual para igual. Criar é nosso forte, agora criar e conseguir articular o quanto a empresa irá avançar por conta de nossa criação, isso eu percebo que é uma skill de poucos.
É para isso que trabalhamos todos os dias, essa é nossa máxima, resolver um problema para alguém e que essa solução traga uma ótima experiência aos nossos usuários. Design Thinking, Design Sprint, objetivos, missão, conversão, feedback, avaliação, tudo isso converge em resolver um problema. Utilize sua melhor metodologia para fazer isso acontecer.
Eu gosto de ter essa responsabilidade de evidenciar o usuário dentro da empresa que estou, através de dados, de pesquisas, entre outros. Mas lembre-se, nós apenas evidenciamos mesmo, por isso temos algumas técnicas de deixar explícito quais são suas principais dores, características, desejos e necessidades. Para que isso seja construído, nós precisamos ir até eles e conversar.
As empresas perceberam que é importante termos contato com nossos clientes, tanto é que um movimento comum no mercado é a crescente presença de UX Researchers (pessoas que pesquisam sobre a ótica da experiência do usuário) nos times de design.
Eu já bati muito a cabeça focando minhas entregas e aprendizados apenas em artefatos visuais, mas acredito que este texto é uma dica para a nova geração de designers que querem resolver problemas de grandes empresas e também de escolas que pretendem guiar o ensino dos novos designers que nosso Brasil irá gerar.