Design 2022
Larissa Ferreira Cruz
Design Manager na Dasa
Feminista, Cozinheira, Biker, Questionadora

Desafios para elevar a maturidade de design nas empresas

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A importância em considerar o design como pilar fundamental para organizações inovadoras vem sendo notada há alguns anos no Brasil. Não à toa, percebemos que cada vez mais o design conquista territórios antes nunca alcançados: posições de diretoria, c-level, e em menor quantidade a de vice-presidência de design estão emergindo nas estruturas organizacionais. O design está conquistando o nível estratégico das grandes empresas.

Atualmente é possível observar  o tamanho de áreas de design em algumas empresas, como a Dasa, a maior rede de saúde integrada do Brasil com mais de 100 designers na área de CX & Design ou então o Mercado Livre com mais de 600 designers em seu time de design. 

O movimento de valorização do design mostra a ascensão da disciplina e com ela, a capilarização da profissão. É cada vez mais comum encontrar papéis de design como os de user experience designer (UX), user interface designer (UI), user experience researcher (UXR), product designer, industrial designer, user experience writer (UXW), content designer, designer de aprendizagem, designer instrucional, entre outros. São exemplos que tangibilizam a importância da profissão em diferentes contextos sejam eles físico, digital, educacional e também em níveis, ou camadas, como Richard Buchanan propõe em seus estudos sobre níveis do design: gráfico, industrial, interação e sistêmico.

Quando paramos para observar o território alcançado pelo design nas grandes empresas e consequentemente o impacto positivo que traz para dentro e fora das organizações, é relevante reparar nos inúmeros desafios inerentes à este alcance. Visualizar os desafios pode nos ajudar a comparar a maturidade de design que vivenciamos no dia a dia de trabalho e optar por escolher os pontos que poderemos evoluir no ano de 2022. Abaixo, apresento alguns desafios que tenho observado nos últimos anos.

Desafio para as organizações estabelecidas com área de design na estrutura organizacional

Imagine um contexto em que uma empresa já reconhece o valor do design e investe na área com profissionais experientes. O atual cenário de disputa de talentos entre empresas de tecnologia e design é extremamente agressivo, com um momento de "imigração de cérebros" para empresas internacionais que oferecem propostas salariais competitivas.

Esse contexto se torna um ponto de atenção para as organizações que desejam reter seus talentos na área de design. Um dos caminhos para solucionar esse desafio pode ser oferecer processos de design para garantir a qualidade do que é entregue, promovendo ambientes de trabalho mais transparentes e organizados para os designers, além de oferecer competitividade salarial e de benefícios objetivando a retenção desses profissionais, para que assim, as empresas possam competir com o tão aquecido e disputado mercado do design e tecnologia. 

Desafios para gerentes executivos de design

Considerando as grandes estruturas e áreas de design, um papel importante é o do head de design (também denominado gerente executivo de design). Eles enfrentam alguns desafios relacionados ao seu papel, que tem como um dos focos, discutir design a nível estratégico e de negócio, conseguindo articular a mentalidade do design com diretoria, c-levels, vice-presidências e stakeholders nas grandes empresas.

Ainda como executivos de design, é preciso saber difundir visão de design para colaborar com estratégia do negócio, serviços, produtos e experiências, constantemente propagando o design para dentro da organização, inspirando líderes de outras áreas a entender e exercitar o pensamento de design.

É preciso também saber conectar outras pessoas e áreas da organização para construir visão sistêmica de design, confluindo os olhares para uma mesma perspectiva: a entrega de valor que o design se propõe a estabelecer como abordagem. 

Ainda a nível tático, alguns desafios para executivos de design podem ser constantemente melhorados, são eles:

  1. Estimular o compartilhamento de conhecimentos entre pessoas no time de design;
  2. Promover debates e troca de conhecimento entre as pessoas da área de design e áreas correlatas como tecnologia, produto, novos negócios, inovação, entre outras;
  3. Demonstrar através de indicadores de experiência ou operacionais, que pequenas hipóteses de soluções para processos, podem trazer grande valor para a organização, conquistando o buy in de outras áreas e pessoas.

Desafios para lideranças de design

Papel chave para operações de design nas grandes empresas, a liderança de design conecta visão executiva com o time de designers. Por ter escopo estratégico, tático e operacional ao mesmo tempo, existem muitos desafios relacionados ao papel, como os apresentados abaixo:

  1. Estimular visão gerencial e executiva da área, unidade de negócio, vertical ou time que lidera. Quais são as informações e indicadores que nos ajudam a gerir pessoas e projetos de design?
  2. Pensar o design sob o ponto de vista de operação: como otimizar processos e ferramentas para que tenhamos qualidade de vida no trabalho de design?
  3. Garantir qualidade das entregas de design
  4. Evoluir pessoas através de constantes trocas e feedbacks ou feedforwards, inspirando um ambiente de constante aprendizado e potencializando o desenvolvimento de talentos
  5. Encorajar designers e não designers a questionar e trazerem visão de design em seus times e com colegas de trabalho
  6. Participar do planejamento financeiro da empresa, dominando conceitos  de finanças corporativas e considerando pessoas, produtos, projetos e serviços relacionados às atividades de design
  7. Dominar conceitos teóricos de gestão executiva como capex, opex, EBTIDA, etc
  8. Dominar metodologias de construção da estratégia como OKRs, OERs, etc para conseguir contribuir com a construção e desdobramento tático dos objetivos com o time e em projetos de design
  9. Ter domínio de métricas operacionais e métricas de experiência para trazer visibilidade do impacto do design nos negócios da empresa, veja abaixo um estudo da McKinsey que analisou práticas em design de 300 empresas listadas em bolsa em diferentes países e indústria, num período de cinco anos: 
"As melhores empresas o entendem como um assunto da alta direção e o avaliam com o mesmo rigor usado para receitas e custos – a culpa nos casos em que isso não ocorre é em parte dada aos próprios designers do passado, que não adotavam métricas ou demostravam como seu trabalho estava ligado aos objetivos de negócio."
  1. Pensar o design em escala: métodos, ferramentas, incentivar o uso de design system
  2.  Difundir visão de design a nível estratégico conseguindo interferir no planejamento de roadmaps a partir de descobrimentos vindos de pesquisas de design
  3.  Difundir visão de design a nível tático através da aplicação de métodos, abordagens contemporâneas, ferramentas e frameworks que ajudem a visualizar ou construir insights de design e negócio
  4.  Evoluir conhecimentos de estratégias corporativas para conseguir discutir design com negócio, produto e tecnologia
  5.  Evoluir conhecimentos sobre gestão de pessoas, estabelecer ambientes de trabalho com processos claros e ter maturidade para temas relacionados à salários, pedidos de demissões e estrutura de times.

Desafio relacionado à processo de design

Quando temos um cenário com time de design crescendo, é comum que designers utilizem metodologias as quais são mais familiarizados ou que mais dominam ou conhecem. Como cada pessoa tem sua trajetória e esse conhecimento e familiarização varia de designer para designer, encontra-se um cenário diverso sobre métodos de design. Entretanto, esse não é o problema aqui. Quando precisamos garantir qualidade e consistência de design é importante estabelecer diretrizes que vão guiar o trabalho, objetivando o alto nível de qualidade que se deseja e permitindo a flexibilidade que cada profissional precisa para executar o trabalho de design. 

Para isso, uma das formas de se conseguir a qualidade esperada é prezando pela consistência do design, aplicando processos de design. Os processos podem ser desenhados pelas pessoas que irão utilizá-lo e também existem processos conhecidos que podem ser adaptados à realidade da empresa e maturidade da área, como por exemplo o dual track, triple track agile, lean UX, entre outros.

Ao observarmos os desafios das empresas, lideranças, processos e cultura, um caminho se abre para elevarmos nossa forma de fazer design. Nós podemos focar no que precisamos desenvolver para conquistarmos a coerência e consistência de design necessárias nas grandes empresas, e assim, elevar cada vez mais a maturidade do design nos processos, com as pessoas e o propósito de cada negócio.

Acredito que assim podemos desenhar ambientes com maturidade elevada e potêncializar o design para trazer impacto positivo que o design se propõe a ser para as pessoas e negócios.

Fontes

https://www.mckinsey.com/business-functions/mckinsey-design/our-insights/the-business-value-of-design/pt-BR

https://www.meioemensagem.com.br/home/marketing/2018/11/09/mckinsey-analisa-o-valor-de-negocio-do-design.html

https://www.invisionapp.com/inside-design/designers-guide-talking-executives/

https://uxdesign.cc/business-for-designers-how-to-eliminate-executive-interference-get-your-innovative-ideas-out-24b104928fb4

https://brasil.uxdesign.cc/a-melhor-ferramenta-de-ux-para-voc%C3%AA-come%C3%A7ar-a-usar-agora-62404421619c

Larissa Ferreira Cruz

Designer de produto com mais de 10 anos de experiência na área de design, com prêmio prata no Brasil Design Award.

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