Em 2021 encontrei a Desesperança - termo que dá título a um dos capítulos do livro "Um mundo mais bonito que nossos corações sabem ser possível" de Charles Einsestein. Não pra menos, estamos atravessando os reflexos nada animadores de uma pandemia que escancarou problemas sociais, econômicos, políticos, ambientais, e culturais.
Para quem sempre foi otimista, 2021 foi um balde de água fria. Mas me ver nesse cenário incerto e cheio de angústias me fez questionar meu papel no mundo - de novo. E, nesse cenário, enquanto caminho para uma redescoberta do “eu”, tenho me dedicado a estudar como o Design pode ser regenerativo, inclusive para o nosso planeta.
"O verdadeiro otimismo é resultado de ter atravessado o território da desesperança e medido seus contornos". Charles Einsestein
Me interessei pelo Design há alguns anos, quando vi a necessidade de atuar em transformações mais profundas nos produtos digitais - tudo isso enquanto produzia conteúdos e campanhas de marketing. Integrar comunicação e produto era uma vontade latente e vejo que muitas empresas ainda têm isso como desafio.
De lá pra cá, muita coisa aconteceu. Certo dia, tive a oportunidade de compartilhar a minha história com algumas mulheres no lindo grupo da @Facilitação com Alma. Essa troca me ajudou a resgatar a essência que me fez migrar do Marketing para o Design.
Criada na cultura de "startups", sempre busquei me conectar com o propósito das empresas para as quais trabalhei. Acontece que, em algum momento, me conectar apenas com o propósito dos outros e dos contextos em que estava inserida deixou de ser suficiente, contribuindo para que minhas próprias motivações ficassem adormecidas.
Agora, olho para o propósito das empresas, mas também consigo integrar minhas próprias vontades e meus desejos mais profundos. Sinto que todas as minhas experiências e vivências, agregadas ao meu estudo dentro e fora da área, além das conexões que fiz pelo caminho, estavam me preparando para entender um novo tipo de configuração de um mundo que se aproxima. De certa forma, fui construindo, ainda que sem saber, uma bagagem única para navegar na transição.
Regenerar é, literalmente, construir de novo. E o que é o Design, senão a capacidade de entender estruturas já existentes, remodelá-las - muitas vezes até destruí-las - e gerar novas possibilidades a partir da integração de diferentes meios e pessoas?
Entendendo o “eu” como parte do todo e que a transformação pode, sim, partir de alguma mudança mais profunda internamente, conseguimos pensar o Design integrando todos os seres e organismos aqui presentes. Vale notar que não falo apenas sobre grandes transformações, mas sim sobre a possibilidade de conseguir habitar dentro de contextos incertos, complexos e muitas vezes políticos para conseguir, minimamente, questionar o status quo.
Não que seja fácil, mas não adianta mais falar de propósito, tendências, sustentabilidade ou metaverso numa lógica de separação. A mudança de mentalidade é um trabalho duro, mas me parece bem mais possível do que “querer mudar o mundo”.
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Eis o que quero muito compartilhar: por mais que talvez parecesse óbvio, só consegui entender o que, de fato, queriam dizer com essa coisa de “mudança de dentro para fora” quando experienciei a Desesperança. Sair da ilusão de um mundo mágico me permitiu pensar - com menos ansiedade e com mais maturidade - sobre o que realmente era um novo mundo possível. Agora me sinto pronta pra começar a lutar por ele.
Por isso, escrevo esse texto como uma oportunidade de expandir o que bate forte dentro de mim: que, além do design existem muitas outras coisas e ferramentas que me fazem querer ser melhor pra mim e pro mundo.
26 anos, nascida e criada no ABC paulista. Formada em Comunicação Social e pós graduanda em Design Estratégico e Inovação, depois de trabalhar alguns anos com marketing digital, encontrei no Design um caminho para fazer algo pelo mundo. Já ajudei diversas empresas na criação e validação de novos produtos. Nas horas vagas, ajudo pessoas a usarem uma abordagem de design para transformar e co-criar uma nova realidade!