Sou fascinado pelas inúmeras definições do que é design, sempre busco novas propostas que levam a novas teorias e foi dessa forma que eu cheguei ao Design Ontológico.
Meu primeiro contato com ontologia foi estudando filosofia e antropologia, em ambas as áreas a ontologia busca estudar o significado, natureza a essência do ser. Quando vi esse termo se conectando com design fiquei muito intrigado e animado e decidi me aprofundar no tema.
Aqui nesse texto eu vou abordar isso de forma superficial dada a complexidade do assunto e a minha falta de habilidade como escritor. =)
O Design Ontológico é uma disciplina do design focada no desenvolvimento humano através da experiência e no desenvolvimento da experiência através do seu humano.
Parece um trava língua, mas já vai fazer sentido. (espero!)
Basicamente essa disciplina parte do principio que ao construirmos uma ferramentas, um espaço, objetivos, experiências e até mesmo histórias, todos esses elementos tem o poder de nos influencias, moldar e construir de volta, então o simples ato de projetar algo que interaja com o ser humano você está na verdade projetando o ser humano em si.
Quando nós construímos uma ferramenta, pro exemplo, essa ferramenta nós constroem de volta, cada coisas nova que o que criamos nós possibilita a fazer nós transforma em algo novo moldado por aquilo que nós criamos, isso é chamado de Feedback Loop.
É um ciclo infinito onde construímos algo, que por sua vez nós constrói de volta e nós mudados por nossa criação fazemos algo novo.
Quando finalmente comecei a entender a profundidade desse loop comecei a fazer a retro engenharia das coisas imaginando o looping de influência que uma ideia ou conceito tinha sobre a outra.
Confesso, é enlouquecedor e fascinante ao mesmo tempo.
Me pegava olhando a arquitetura de um prédio e pensando como cada elemento como; texturas, ângulos, materiais e até mesmo a temperatura do local poderia influenciar e construir as pessoas que estavam naquele ambiente.
Jason Silva em um dos seus inspiradores videos falar um pouco sobre esse tema trazendo um exemplo que achei bem interessante, sobre como as igrejas sempre foram construídas com pé direitos enormes para passar a sensação de que as pessoas são pequenas e que Deus ou os deuses eram enormes e estavam lá em cima observado, a opressão das estatuas imponentes e muitas vezes armadas olhando as pessoas de cima serviram para criar uma narrativa de medo e vigília.
O antropólogo e historiador Yuval Harari fala indiretamente sobre isso quando ele descreve em seu livro Sapiens sobre as revoluções cognitivas e olhar o mundo de forma mais abstrata exercitando sua mente criando histórias, ficções, mitos e crenças não necessariamente baseadas em fatos, mas sim na interpretação e imaginação, essa revolução permitiu com quem criássemos narrativa para que pessoas diferentes pudessem colaborar através dessas crenças em comum para um “bem maior”, esse fenômeno recebeu o nome de realidade intersubjetiva.
Essas camadas de realidade fizeram com quem nós a vários mil anos pudéssemos colaborar e a colaboração nós fez evoluir e ser, com todos os “defeitos e qualidades” que somos hoje.
Voltando para o primeiro ponto que levantei sobre a obsessão em definir o que é design e a lente do design ontológico traz uma perspectiva muito interessantes.
Nas palavras de Daniel Fraga:
"By designing our environment, we are designing consciousness. By curating perception, we are designing reality. By designing objects, we are designing people.”
Fazendo minha contribuição ao Yuval, Jason e Fraga acredito que tudo que construímos gera uma interação, uma experiência e tudo que experienciamos direta ou indiretamente nos constrói logo;
“By designing experience, we are designing people.
By designing people, we are crafting future.”
E que futuro é esse que estamos projetando?
Designer / Criativo / Estrategista com mais de 15 anos de experiência em criar experiências relevantes, eficientes e encantadoras. Com passagem por agencias e consultorias globais teve a oportunidade de trabalhar com grandes clientes e com isso impactar a vida de milhares de pessoas. Professor de Design na Universidade Belas Artes e na Escola Britânica de Arte e Comunicação tenta transmitir para os novos humanos que adentram a profissão um pouco da sua experiência.