Sempre me considerei uma pessoa inquieta, que queria mudar o mundo, e que sempre tentou não só entender o futuro mas também ajudar a criá-lo. Por onde eu passei (escolas e empresas) nunca me dei por satisfeita em pensar só no hoje e agora, queria considerar possibilidades no futuro para tentar tomar decisões melhores no presente (inclusive, pensando bem, talvez venha daí até a minha ansiedade). E características como essas de inconformismo e inquietude, são celebradas quando falamos a respeito de Futures Thinking.
Futures Thinking (em português também chamado de Prospectiva Estratégica), para quem não conhece, é uma metodologia responsável por conduzir uma análise das mudanças que ocorrerão no mundo nos próximos anos através da exploração de tendências e hipóteses. Até mais do que uma metodologia, isso é um modelo de pensamento (mindset) que permeia tudo que, pessoas inquietas como eu, decidem. As tendências são baseadas nos avanços tecnológicos, enquanto que as hipóteses são muito baseadas na interpretação de dados (através de análises preditivas).
O intuito dessa metodologia é sair de uma gestão de realidade presente (problem-solving) onde tratamos do dia-a-dia operacional das empresas e brigamos em um oceano vermelho, para a gestão da criação de possibilidades e oportunidades futuras (problem-finding), onde o dia-a-dia é mais transformacional e brigamos em um oceano azul.
Quando falamos de problem-finding, não se assuste. Isso não quer dizer que a pessoa só vai ficar no sentido literal - encontrando problemas - mas sim que ela vai olhar para um cenário que até então parece super tranquilo, sem problemas, vai identificar quais são os problemas que ainda estão por vir e ajudar as empresas a se prepararem para lidar melhor com isso.
Assim como a maioria das metodologias, o Futures Thinking também tem um passo a passo para auxiliar em sua concepção, como mostrado no framework abaixo:
Na etapa de possibilidades (do framework acima), os arquétipos do futuro são: futuro esperado, futuro melhor que o esperado, futuro pior que o esperado, futuro mais estranho que o esperado.
Os benefícios que esse tipo de metodologia conseguem trazer para as empresas vão desde antecipar tendências, sair à frente da concorrência a se preparar para possíveis problemas (problem-finding). Para os indivíduos, a metodologia traz uma inteligência mais coletiva, capacidade analítica, faz você perceber conexões mais sistêmicas entre ações tomadas e decisões, assim como seus reflexos e também uma sensibilidade maior às condições humanas versus o avanço da tecnologia. Ou seja, quando falamos de temas como metaverso, por exemplo, esse mindset nos faz pensar não só na tecnologia puramente, mas também na sociedade que a adota - medos, anseios, nível de maturidade e preparo para uso, necessidade de educação tecnológica, entre outros.
Na imagem abaixo, você consegue ver quais aplicações de metodologias temos dentro do Futures Thinking, sendo elas: Foresight (análise de contexto e tendências), Insight (oportunidades e ameaças) e ação (que motiva todo o processo que o Design Thinking irá passar para de fato criar algo novo para um dos possíveis futuros identificados).
Inclusive, muito se falava dessas três aplicações de forma isoladas, mas o Futures Thinking vem para otimizar a forma que usamos elas a fim de nos ajudar a nos preparar para os possíveis cenários que encontraremos no futuro.
“A melhor forma de prever o futuro, é criá-lo”.
Abraham Lincoln
Como bem disse Abraham Lincoln, o mindset de problem-finding é justamente isso, ajudar a criar o futuro, preparar a sociedade e as empresas para o que está por vir.
Essa é a principal diferença entre o Design Thinking - que cria para o mundo de hoje e futuro imediato - e o Future Thinking - que cria possibilidades futuras e visa criar e direcionar os mercados futuros. Conforme a imagem abaixo, você consegue ver bem essa afirmação, pois um dos possíveis mundos (o triângulo) é o que motiva todo o desenvolvimento seguinte que será feito até alcançar esse tangível - o produto.
Vocês conseguem ver a ligação? O Design Thinking começa, onde o Futures Thinking acaba, pois nela você identifica possibilidades de futuros que depois desencadeiam-se nos passos necessários para transformar isso em um produto.
Outro ponto que diferencia bem um do outro é que o Design Thinking passa por divergência e depois convergência, certo? Enquanto que o Futures Thinking apenas diverge. Através dele, você não vai olhar só a tríade - Tecnologia, Negócios e Cliente - mas também todo o ecossistema que os cerca, como: contexto social, econômico, político, ambiental e não chega em um produto.
Usando como exemplo um framework postado pelo pessoal do UX Collective, a entrega da metodologia em si são futuros possíveis (divergindo), enquanto que o Design Thinking vai pegar um desses possíveis mundos futuros e vai entrar no processo de ir debulhando em um conceito concreto, que é testado, finalizado e levado ao mercado em forma de produto (convergindo).
Ou seja, você dominar ambas as metodologias te fará um profissional ainda mais preparado para criar produtos cada vez mais bem fomentados em diversas hipóteses, análises preditivas de dados e cenários que buscam tangibilizar o incerto e te ajudar a tomar melhores decisões.
Entendem por que uma pessoa inquieta (como eu) se apaixona por esse tipo de metodologia? Porque através dela, conseguimos direcionar ainda mais as decisões que tomamos investigando passado e presente, pensando no design para o futuro.
Para quem quiser falar mais sobre tendências e produtos, não deixe de me acompanhar no @yasminconolly , vai ser um enorme prazer trocarmos uma ideia por lá.
Yasmin Conolly é uma entusiasta futurista e apaixonada por comportamento de consumo. Acredita no equilíbrio entre negócios, tecnologia e cliente e criou o perfil do Instagram @yasminconolly para compartilhar tudo que a empolga nesse universo. Em tudo que faz, busca inspirar pessoas e provocar pensamentos fora da caixa.