Hoje estou aqui para contar um pouco sobre como foi participar do meu primeiro hackathon. Não com o objetivo de falar sobre possíveis caminhos para ganhar competições (afinal, já aproveito a deixa para comentar que meu grupo não foi o vencedor do evento). Mas, sim, para contar um pouco sobre como foi a experiência de participar sendo uma profissional vindo de outra área, ainda no início dos estudos de UX Design, mas já com o objetivo de fazer a migração de carreira. Sinto que gostaria de ter lido algo assim naquela época e espero que, de alguma maneira, possa ajudar alguém que também esteja passando por um momento similar.
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Assim que anunciaram que teríamos um hackathon na empresa que trabalho, fiquei muito animada e já busquei entender melhor como funcionaria o evento. O convite para inscrição se estendia para todos os colaboradores e mencionava a possibilidade de atuação em qualquer papel dentro dos times, não sendo requisito já atuar ou ser profissional na área escolhida. Eu, sendo médica-veterinária e parte do time de CX da empresa, vi no evento uma super oportunidade! Afinal, desde que comecei a ter mais contato com produtos digitais, descobri a área de UX Design e, de maneira bastante natural, fui me interessando e identificando até que me vi determinada a buscar a migração de carreira.
Considerando como todas as peças pareciam se encaixar para minha participação, eu poderia simplesmente já ter preenchido a inscrição no mesmo dia que divulgaram, porém, quando parei para um momento para refletir, a verdade é que o fato de estar tão no começo dos estudos me deixou em dúvida... Fiquei pensando sobre o assunto por uns bons dias, até que, numa manhã de quinta-feira, abri o formulário e decidi que deveria enfrentar aquele bloqueio e tentar.
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Do ponto de vista de alguém iniciando, como eu, pesquisar sobre o significado dos conceitos, o que um UX Designer faz no dia a dia e como funciona um hackathon, por exemplo, pareceu ser bem interessante para ir mapeando como as coisas funcionariam. O Google e Youtube podem ser ótimos aliados nas pesquisas e estudos, mas, se possível, também conversar diretamente com profissionais da área de Design e/ou pessoas que já participaram desses eventos antes pode ser uma boa oportunidade para tirar dúvidas mais específicas que surgirem. Lembro que além das pesquisas que fiz na internet, conversei com um UX Designer e também com meu irmão, que já tinha participado de um hackathon como desenvolvedor. Conhecer um pouco sobre os processos pela percepção pessoal deles me ajudou a moldar o que estava aprendendo para algo mais prático e aplicável no contexto.
Procurando entender um pouco do papel dos designers nos times de hackathon, facilitar dinâmicas para exploração do problema apareceu como uma possível uma atribuição que eu teria, porém, nunca tinha feito algo assim antes… Assistindo às aulas do curso de Fundamentos de UX no Alura, consegui ter um primeiro contato com as dinâmicas de grupo que costumam ser feitas no contexto de UX e fiz diversas anotações. E foi com base no que registrei no meu caderno, folhas de sulfite, lápis, canetas, post-its e alguns adesivos, que treinei facilitação de um brainstorming e zen voting com minha própria família!
Fizemos as dinâmicas para aprofundar e entender quais seriam as características mais importantes para uma próxima viagem que faríamos juntos. Com esse processo, tive a oportunidade de planejar como faríamos cada etapa, adapta-las conforme foram acontecendo, e vi algo tão abstrato como “queremos viajar juntos” virar “queremos fazer uma viagem curta, indo e voltando de avião, para local que tenha natureza, hospedagem confortável, atividades/passeios para reservarmos e preço acessível” e, convergindo um pouco mais, “queremos visitar a Argentina na nossa próxima viagem”.
Quando começamos a aprofundar no problema trabalhado no evento, não atuei como facilitadora nas dinâmicas como imaginei, mas ter vivenciado algo semelhante antes me ajudou a entender melhor os objetivos e como as etapas aconteceriam na prática.
No primeiro contato com meu time, quando estávamos nos apresentando e nos conhecendo, contei que eu seria a designer, mesmo ainda “aprendendo como ser designer”. Partindo dessa comunicação inicial, já percebi que isso não seria um problema, e me senti extremamente confortável para conversar, expressar minhas ideias, pedir feedbacks quando tive bloqueios criativos e dúvidas. Em diversos momentos, por exemplo, revisamos juntos as telas que eu estava trabalhando e identificaram e me comunicaram pontos de melhoria. Tive contato com pessoas que atuam em diversas áreas e que, no dia a dia como UX Designer, também poderiam estar trabalhando comigo. O evento foi uma ótima oportunidade para conhecer excelentes profissionais e aprender muito com cada um deles.
Desde o final da tarde do primeiro dia até o final do evento no segundo dia, fiquei trabalhando principalmente no desenvolvimento do protótipo através do Figma. Apesar de já ter acessado a ferramenta antes e aprendido as funcionalidades mais básicas, tive algumas dificuldades para selecionar componentes e organizar as layers, por exemplo. Como o tempo que tínhamos era bem limitado, imagino o quanto eu poderia ter sido mais eficiente caso tivesse aprendido atalhos de teclado antes.
Se pudesse voltar atrás nos dias que antecederam o evento, com certeza teria reservado um tempo para pesquisar mais tutoriais do Figma e anotado as dicas mais interessantes para usar durante a prototipação. Infelizmente, por estar focada em trabalhar no protótipo, acabei não participando de um momento dedicado à mentoria/consultoria que foi programado no segundo dia do evento (algo que também faria diferente se pudesse me aconselhar no passado). Após conversar com um dos mentores, dias depois do evento finalizar, tive a oportunidade de compartilhar minha tela e mostrar como ficou o protótipo, comentando também as dificuldades que tive no desenvolvimento. Ele me passou dicas sobre o uso do Figma que me ajudaram e, se eu tivesse participado da mentoria durante o hackathon, acredito que poderiam ter me ajudado nas tarefas ainda durante o evento.
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Analisando tudo que aconteceu, a alegria por toda a vivência e alguns feedbacks positivos vindos do meu time tiveram um peso muito maior para mim do que as dificuldades que enfrentei. Viver tão intensamente em contato com UX Design por dois dias foi muito gratificante! Por mais que ganhar competições seja recompensador, só a experiência de participar do meu primeiro hackathon já foi incrível.
Aprendermos com os erros e acertos realmente é algo que pode acontecer no dia a dia. E apesar das inseguranças que podem surgir no caminho, espero que em 2022 (e sempre) continuemos nos desafiando a fazer coisas novas (e com o coração aberto para errar, acertar, aprender e tentar novamente quando as oportunidades aparecerem). Espero também que em 2022, eu e outras pessoas que também buscam a migração de carreira, possamos participar de cada vez mais eventos e também conquistar nossa primeira vaga na área de UX.
Gabriella é uma médica-veterinária, formada em 2019, que descobriu no UX Design um novo rumo para sua carreira profissional. Desde então, vem estudando e se preparando em busca da migração. Gosta de ir em cafeterias, jogar Just Dance e conhecer sobre outras culturas. Tem o sonho de estabelecer mais pontes entre o design, tecnologia e a promoção da saúde e bem-estar único (pessoas, animais e meio ambiente interligados).