Recentemente fui perguntada sobre o motivo de ser uma pessoa designer trabalhando em Recursos Humanos. Achei a pergunta curiosa e respondi de supetão sobre o desenvolvimento de peças visuais gráficas. Não achei a resposta satisfatória, e vou contextualizar um pouco melhor aqui para que mais pessoas entendam como esse trabalho acontece.
No momento de responder a pergunta, deixei de mencionar toda a transversalidade de atuação de um designer e da participação ativa na construção de projetos das subáreas de recursos humanos, que no meu contexto eram: cultura, engajamento, marca empregadora, aprendizagem, diversidade e principalmente, da área de experiência do colaborador.
Cada empresa conta com essa formação do time de Recursos Humanos da forma que acredita ser melhor no momento e obviamente vai evoluindo com o tempo, e tive o prazer de passar por um local onde cada processo realmente é importante e muito bem definido. O olhar de que, pessoas que cuidam de pessoas estão dentro da casinha de “People”/ “Recursos Humanos”/“Departamento Pessoal” não cabe aqui.
A atuação de uma pessoa designer, mesmo numa cadeira de estágio, faz muito sentido quando se pensa no desenvolvimento de projetos para resolver/melhorar determinado problema no dia a dia das pessoas colaboradoras de forma transversal. Não me lembro de ter participado de nenhum projeto onde no mínimo três áreas estiveram envolvidas em alguma etapa. Desde a participação da construção onde é possível sugerir ferramentas e métodos até a identificação de uma hipótese, passando pelo planejamento e criação de um cronograma de trabalho que inclua pesquisas, escutas, validação, desenvolvimento, testes, acompanhamento e apresentações. Uma pessoa designer dentro desse cenário, faz sentido por conseguir lidar com toda pluralidade de assuntos e problemáticas que se relacionam usando algum método em que seja possível passar para a próxima fase, ou até mesmo, buscar uma solução nova fora do método. Não tem uma receita pronta e não é tão simples na prática.
Desde o ambiente acadêmico do design somos colocados em situações em que “precisamos confiar no processo” e começamos novos desafios sem saber exatamente o que será a solução, tudo que sentimos é um frio na barriga imenso e um pouco de coragem, mas seguimos mantendo o pensamento focado em investigar, testar, solucionar e iterar cada novo resultado, sempre de forma colaborativa e integrada. E nem de longe estou dizendo que não há problemas, mas a experiência e a prática vão auxiliando essa condução ou participação.
A partir das definições apresentadas no icônico “Isto é Design Thinking de Serviços”, eu consigo demonstrar com muita tranquilidade o porquê de um designer no RH: “Essa prática interdisciplinar combina inúmeras habilidades de design, gestão e engenharia de processos. Desde os tempos imemoriais, os serviços sempre existiram e vêm sendo organizados de diversas maneiras. Entretanto, serviços conscientemente projetados por designers, que incorporam novos modelos de negócios, são empáticos às necessidades do usuário e buscam criar um novo valor socioeconômico. O design de serviços é essencial para uma economia baseada no conhecimento. ” - THE COPEN HAGEN INSTITUTE OF INTERACTION DESIGN , 2008
A entrega de valor alinhado à estratégia da organização sempre foi o principal objetivo buscado em todos os projetos, independente de quais áreas ou pessoas atenderia, mas confesso que sempre achei mais potente e motivador pensar em realmente proporcionar ambientes em que as pessoas queriam estar e imaginar futuros melhores possíveis. A busca por traduzir essas ideias para a realidade continua.
Estudante de Design de Mídias Digitais, com formação complementar em Desenvolvimento de Software e Administração. Migrei para a área de tecnologia e design em 2019 e desde então passei pela Mobly e Natura &Co Latam, atualmente estagiando como UX Designer.